A venda de carros 0km chegou a esboçar uma leve melhora em agosto último, quando vendeu 7.512 unidades, contra as 6.813 em julho, registrando um aumento de 2%.

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Enquanto não há sinalização concreta para a retomada da economia, a queda nas vendas dos automotivos continua, levando não apenas a redução da receita nas concessionárias, mas também a conseqüentes demissões e fechamento dos pontos de venda. Na Bahia, 80 estabelecimentos deste tipo fecharam as portas desde 2015, levando também a 6 mil demissões no mesmo período, segundo informou o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado da Bahia (Sincodiv-BA).

A venda de carros 0km chegou a esboçar uma leve melhora em agosto último, quando vendeu 7.512 unidades, contra as 6.813 em julho, registrando um aumento de 2%. Porém, no acumulado, a queda assusta: foram 54.748 carros novos vendidos na Bahia, entre janeiro e agosto de 2015 – quase 27% a menos do que o mesmo período do ano anterior, quando foram emplacadas 75.214 unidades.

“Em outras palavras, nós voltamos a 2006. Houve enxugamentos em basicamente todo o setor, e agora, torcemos para uma estabilidade no próximo ano”, avaliou o presidente do Sincodiv-BA, Raimundo Valeriano. Segundo o dirigente, em quase dois anos, marcas que haviam crescido desde aquele período – quando a economia se encontrava aquecida – precisaram se readequar ao momento, e voltando ao período anterior à suas respectivas expansões.

A queda nas vendas foi um dos muitos efeitos drásticos da recessão que começou no início do ano passado em todo o país. Porém, com o período de instabilidade política sendo superado aos poucos, a expectativa do empresariado é que a retomada enfim saia do papel. De acordo com o diretor regional da Federação Nacional de Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), Frutos Dias Neto, esta recuperação pode ser lenta e gradual e depende de medidas concretas.

“Não se faz mudança só com expectativas. O carro é um bem de alto valor e depende muito de financiamentos. Acredito que até o fim do ano já haja sinalização para uma retomada, com o recebimento do décimo terceiro, e com alguma tendência de redução de taxas e de juros, para que possamos apresentar um quadro efetivo de melhora, em relação a este ano”, analisou o diretor regional.

A venda de veículos novos na Bahia no primeiro semestre de 2016 foi a pior dos últimos dez anos. De acordo com a Fenabrave, a queda, em relação ao mesmo período do ano anterior chegou aos 30% – atingindo uma média superior à nacional, que foi de 25%.
Em todo o país, também houve queda no volume de veículos financiados. De acordo com o levantamento da Cetip – operadora do Sistema Nacional de Gravames (SNG) –, a redução foi de 6,1%, no acumulado do ano até agosto. Considerando apenas o volume de 0km no mês de agosto, houve um crescimento de 7,4% em relação a julho, mas uma queda de 18,4%, em relação ao mesmo mês em 2015.

Seminovos registram cenário melhor

Enquanto a venda dos veículos 0 km acumula perdas, o mercado de seminovos registra um bom momento para o setor. De acordo com Paulo César Mascarenhas – que integra a diretoria da Associação de Revendedores Independentes de Veículos do Estado da Bahia (Assoveba) – só no mês de agosto, foram 25 mil veículos comercializados no estado, representando um aumento de 4,93% em relação ao mês anterior.

O aquecimento é motivado pelos preços mais acessíveis ao consumidor, em comparação com os veículos novos. De acordo com o gerente de vendas da Seven Autos, Ricardo Trigo, um seminovo, com apenas um ano de uso, pode ser comprado pelo valor que chega a ser 30% menor do que um 0km, se tornando muito atrativo para quem, mesmo com menos recursos, não quer deixar de adquirir um automóvel.

“O consumidor tem procurado por carros com, no máximo, três anos de uso, com garantia de fábrica, e baixa quilometragem, que não ultrapasse os 30 mil km, e que tenha, tido, durante esse período, um único dono. Carros assim são pouco rodados, e dão mais segurança ao consumidor”, explica o vendedor. A procura tem se mantido aquecida devido justamente às novas prioridades do consumidor, que agora, após a crise econômica, busca um produto que tenha qualidade, mas que caiba em seu orçamento.

“Em agosto, foram comprados 38 veículos aqui apenas pela venda particular. Nossa loja vende em média 40 carros por mês, apenas em showroom, e por isso encaramos o mês de agosto de forma positiva. Mas, se medirmos pela venda de repasse para outras lojas, esse número chegará aos 200 todos os meses”, explicou Ricardo Trigo.

Tribuna da Bahia

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