Um levantamento feito pela estudante Jessica da Silva Pires do curso de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), campus de Senhor do Bonfim (BA), apontou os principais fatores de mortalidade de pessoas com câncer no município de Campo Formoso (BA). O resultado da pesquisa foi destaque na revista científica internacional IJDR (International Journal of Development Research), no final de outubro.

estudo com abordagem quantitativa da licenciada Jessica  teve também a participação do doutor em Educação, professor Manoel Messias Alves de Souza, e do doutor em Biotecnologia Ronaldo Carvalho da Silva, e levou em conta os dados coletados no sistema TABNET do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), vinculado ao Ministério da Saúde.

Segundo a pesquisa que avaliou os óbitos entre os anos de 1979 e 2017, um dos fatores causadores das mortes ao longo dos anos é a poluição do ar derivada da fábrica de cimento instalada a menos de 10 quilômetros da área urbana de Campo Formoso (BA).

“Um dos fatores que pode estar associado ao aumento significativo de novos casos de canceres foi a implantação da fábrica de cimento na cidade de Campo Formoso- BA no ano  de 1977, agente reconhecidamente poluidor em potencial, especialmente pela emissão de poluentes gasosos e material  particulado. Durante a produção de cimento são emitidas  partículas sólidas que podem prejudicar a saúde humana e  ambiental e nessas partículas  podem conter metais que são derivados da utilização de  combustíveis fósseis ou outros tipos de combustíveis alternativos utilizados nos fornos”, afirma o estudo.

Ainda de acordo com a pesquisa, outra causa que influencia no crescimento  da mortalidade por câncer é o uso expressivo de agrotóxicos durante a produção frutas e verduras.

“Outro fator importante para o aumento dos casos de câncer pode estar  relacionado ao uso  pindiscriminado de produtos químicos na agricultura (INCA, 2018). Os agrotóxicos podem conter componentes carcinogênicos (INCA, 2012). Nesse sentido, o município de  Campo Formoso está em constante contato com agentes  cancerígenos decorrentes de indústrias e áreas agrícolas  situadas na zona rural do município, especialmente nas  lavouras de tomate”, afirma o documento.

O estudo informou também que as mortes por câncer cresceram quase 35% entre os anos 2007 e 2017. Ao longo de décadas, 19,9% das pessoas com neoplasia maligna (câncer) tiveram o estômago como o órgão mais afetado. Outras 19,2% faleceram com problemas na próstata e 15,6% lutaram contra os efeitos fatais da doença no pulmão.

O levantamento sinaliza também que 54,34% das mortes por câncer em Campo Formoso foram entre homens com idades que variam de 60 e 69 anos.

Ao todo, em quase quatro décadas, faleceram 506 pessoas em decorrência de algum do tipo de câncer, mas os pesquisadores sugerem o aperfeiçoamento na coleta de dados para evitar a subnotificação de casos.

A partir dos dados coletados conclui-se que é necessário aprimoramento na gestão do sistema TABNET, implementando estratégias que melhorem a coleta e alimentação das informações, evitando assim subnotificações ou lançamento de dados equivocados que trarão impactos na elaboração de Políticas de Gestão no SUS”, menciona o levantamento.

A equipe do blog Notícias iMais vai fazer uma live para debater o tema com a cientista da natureza Jéssica e com o professor Manoel Messias, nesta sexta-feira (06), através das plataformas de redes sociais Youtube e Facebook.

Por: Leandro Daniel/Notícias iMais

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