Entidades sociais e lideranças comunitárias se reuniram no último dia 4, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), para discutir o avanço na pesquisa das mineradoras na Serra do Gado Bravo, extensão da Chapada Diamantina, que fica na Cordilheira do Espinhaço, município de Senhor do Bonfim.

As comunidades estão em uma localização privilegiada. A região denominada de “Grota” tem a mata verde durante todo o ano e é abastecida de frutas e verduras, além de várias nascentes de rios, pertencentes à bacia do rio Itapicuru. Há também vários açudes no município, tais como o do Sohen, do Quicé e da Boa Vista, que ajudam a aliviar a falta d’água nos tempos de seca e que ainda represam riachos.

Na região é possível observar diferentes tipos de vegetação, desde a densa mata serrana, remanescente da Mata Atlântica, até a caatinga, sendo um observatório perfeito para quem pretende contemplar ou estudar os aspectos da cobertura vegetal do Nordeste brasileiro.

No primeiro momento do encontro, Antônio Célio, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), fez uma análise dos impactos das mineradoras na região e a quantidade de empresas que vem fazendo pesquisas na serra, uma ameaça tanto para a natureza, para a fonte de vida das comunidades e para a população da cidade que é abastecida de frutas agroecológicas vindas deste território. Em seguida, o professor Gustavo Hees de Negreiro, falou sobre como se dá as licenças de liberação de pesquisas, lavras e extração.

O Presidente da Câmara de Senhor do Bonfim, Reinaldo Santana, falou da importância das comunidades se unirem pela defesa da Serra, conhecida também como Caixa D’Água do rio Itapicuru, fonte de vida destas comunidades. Disse ainda que em sessão da câmara houve um debate sobre a ameaça de exploração minerária nesta região e já tem indicativo de uma audiência pública.

Segundo a professora Normilza Moura, uma pesquisa realizada pelos alunos da Escola Modelo com a comunidade da Barroca do Faleiro, apresenta o medo da população local com a possibilidade de uma mineradora se instalar na região e dos estragos que podem trazer para as famílias e para a natureza. “Importante que o poder público se posicione de qual lado está. Não se pode entregar para empresas aquelas áreas que são fontes de vida, uma área de preservação ambiental. Cheio da mata, nascentes e água que alimenta a bacia do Itapicuru”, completou.

Devido ao perigo da instalação das mineradoras, o grupo definiu alguns encaminhamentos, entre eles: fortalecer o trabalho de formação e conscientização nas comunidades; e que o presidente da Câmara mobilize os vereadores de Senhor do Bonfim para a aprovação no início do ano de 2019 de uma audiência pública.

Por fim, foi composta uma comissão para preparar a audiência e agendar uma conversa com a promotoria pública. Entre outras ações que mobilize as comunidades na luta contra esse modelo de desenvolvimento das mineradoras, que na maioria das vezes, provoca a destruição da vida humana e do meio ambiente.

Estiveram presentes na reunião os/as representantes das comunidades de Barroca de Baixo e de Cima, Mocó, Varzinha e Curadeira; do STR, da CPT e da Secretaria Municipal da Agricultura Familiar, além do Presidente da Câmara Municipal e da Bacia do Itapicuru.

Texto e foto: Equipe Centro Norte/ CPT Bahia

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