Suicídio: um ato de coragem ou covardia?

Paula Bezerra-Psicóloga

 

Em virtude do aumento no índice de casos de suicídio na região, sinto a necessidade de falar um pouco sobre este tema polêmico, ainda visto como um tabu, mas cada vez mais presente em nossa sociedade. Todos os anos no mundo, mais de um milhão de pessoas tiram a própria vida, tendo como público mais vulnerável os jovens, os mais idosos e os socialmente isolados, segundo dados do Conselho Federal de Psicologia. Os países de baixa e média renda, como o Brasil, estão entre aqueles com maior número de suicídios, em virtude da precária assistência à saúde, em especial à saúde mental.

Uma pessoa que resolve tirar a própria vida não deve ser julgada em um ato de coragem ou covardia ou mesmo de loucura, pois aquele que tira a vida voluntariamente, possui motivos para tal. A questão maior não é chegarmos a uma resposta para a pergunta que envolve coragem ou covardia, mas a compreensão acerca das razões que levam um indivíduo a suicidar-se, e o mais importante, estarmos atentos aos sinais daqueles que, através de meios verbais e não verbais deixam clara a sua intenção em “abandonar esse mundo”, permitindo a reflexão sobre a importância em levar a sério as ameaças e suas possíveis tentativas que podem chegar às vias de fato. Portanto, é preciso pensar na prevenção ao suicídio.

Cada um é livre para determinar o que fazer com a sua vida, contudo, quando se trata do suicídio, o que leva a consumação do ato está geralmente ligado a familiares que ignoram aos avisos daquele que está passando por um sofrimento psíquico como: perda de emprego, perda de um ente querido, fim de relacionamento, entre outros. Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 90% dos casos de suicídio concretizados estão relacionados aos transtornos mentais, à depressão e ao abuso de substâncias psicoativas. O apoio da família e dos amigos é essencial para aquele que está sofrendo profundamente, e que em muitos casos, não tem o apoio emocional e psicológico daqueles que ama e confia. Geralmente, há a necessidade de apoio profissional de psicólogos e psiquiatras, contudo, a família é fundamental para a melhora do paciente.

O suicídio, visto como uma forma de lidar com o sofrimento, uma saída para aliviar a dor, quando a vida parece estar insuportável, deve se tornar assunto comum, a ser tratado pelas famílias, pelas equipes multiprofissionais em saúde, pela sociedade. Devemos encarar essa realidade buscando ajudar aqueles que precisam de escuta, apoio e orientação, pois é possível prevenir os atos suicidas.

Com informações extraídas de: O suicídio e os desafios para a Psicologia/Conselho Federal de Psicologia. – Brasília: CFP, 2013.

Paula Bezerra – Psicóloga CRP-03/9980. Especialista em Psicologia do Trânsito. Contato: paula.psique@hotmail.com

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