Prisão é resultado da operação Chequinho que apura compra de votos durante as eleições deste ano.

O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, atual secretário de Governo de Campos dos Goytacazes (RJ), foi preso na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal em seu apartamento no Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A prisão é um desdobramento da Operação Chequinho, que apura a suspeita de compra de votos durante as eleições deste ano. Rosinha Garotinho, esposa do ex-governador, é prefeita da cidade do norte fluminense, base eleitoral do casal.

O nome da operação é uma referência ao programa Cheque Cidadão, que teria sido usado por candidatos à Câmara Municipal para a negociação de votos. Em fases anteriores, deflagradas em outubro, três vereadores – Kellenson Ayres Figueiredo de Souza (PR), Miguel Ribeiro Machado (PSL) e Ozeias Martins (PSDB) – foram presos por suposta participação no esquema. A coordenadora do programa, Gisele Kock, também foi uma das detidas. O programa, que foi suspenso pela Justiça em setembro, concedia benefício de 200 reais para famílias de baixa renda.

O mandado foi expedido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio. Anthony Garotinho foi prefeito de Campos dos Goytacazes de 1997 a 1998, e governador do Rio de Janeiro de 1999 a 2002. Em 2002,  também disputou a presidência da República, mas ficou em terceiro lugar. Rosinha Garotinho governou o Estado, entre 2003 e 2007.

Garotinho, que já foi candidato à Presidência da República em 2002, representa o que há de pior na política: populismo, fisiologismo e nepotismo, entre outras mazelas. Ao seu currículo, soma-se até mesmo a suspeita de ter usado seu período no Palácio Guanabara (e também o de sua mulher, Rosinha) para acobertar as ações de um grupo de policiais que, encastelados na chefia da Polícia Civil, barbarizou o Rio de Janeiro cometendo ilícitos variados. A lista inclui facilitação de contrabando, formação de quadrilha, proteção a contraventores, cobrança para nomeação de delegados, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. O efeito da infiltração de grupos criminosos e corruptos na máquina estatal foi devastador. Inclusive porque minou a confiança dos cidadãos nas instituições.

O relacionamento com empresas, empresários e políticos nebulosos é uma constante na carreira de Garotinho. Seu nome apareceu em escândalos nacionais. Waldomiro Diniz, o ex-assessor parlamentar da Casa Civil flagrado em cobrança de propina do bicheiro Carlinhos Cachoeira, dizia a seu interlocutor estar arrecadando dinheiro também para a campanha de Rosinha. Antes do governo do PT, ele havia sido presidente da empresa lotérica do estado do Rio de Janeiro, a Loterj, e chefe do escritório de representação do estado em Brasília. No caso propinoduto, o principal acusado, Rodrigo Silveirinha, era seu secretário adjunto de Administração Tributária e homem forte na campanha de sua mulher ao governo. No caso do mensalão, a CPI dos Correios apurou que a Prece, o fundo de pensão da Companhia de Águas e Esgotos do Estado do Rio de Janeiro, foi o que registrou o maior volume de perdas entre todos os fundos de pensão investigados.

Em 2004, Garotinho e seus correligionários foram flagrados trocando o cadastramento em programas sociais do Estado por votos na eleição para a prefeitura de Campos, seu berço político. Na mesma eleição, a Polícia Federal o flagrou com 318.000 reais em dinheiro de origem suspeita na sede do diretório do partido.

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