A última noite do São João de Senhor do Bonfim teve Alcimar Monteiro, Joquinha Gonzaga, Neto Lobo e a Cacimba, Cicinho do Acordeon e Zelito Miranda divertindo o público do Circuito Gonzagão, no Parque da Cidade.
Apesar da baixa temperatura, comparada aos primeiros dias de festa (22 e 23), as pessoas povoaram o circuito, este ano, marcadamente animado pelo suprassumo da música de raiz nordestina.
Neto Lobo (este bonfinense de nascença) acompanhado da banda Cacimba homenageou sua cidade de origem com uma canção, misturou ritmos diversos ao forró, convidou velhos amigos a subirem ao palco (Caçola e Miguel), cantou Zé Ramalho, Alceu Valença, Genival Lacerda e como não poderia deixar de ser, Luiz Gonzaga. Em entrevista, o cantor falou da inspiração que é estar na própria terra.
“Eu tive o prazer de estar aqui em novembro de 2011 e pra mim foi um reencontro com as minhas raízes, com os meus amigos, com a minha família e, é sempre bom estar na terra da gente. Eu tenho um trabalho autoral que é alternativo em que eu faço uma fusão de ritmos e um dos elementos dessa fusão é aquilo que eu nasci e me criei ouvindo, o forró. Pra esse show em Senhor do Bonfim, fiz uma homenagem à minha cidade e toquei os forrós antigos que eu ouvi quando o São João era na Praça Nova do Congresso. Então, foi uma releitura de algumas canções importantes em minha vida e, tenho certeza, na vida de muitos bonfinenses que curtiram aquela época de Luiz Gonzaga e Genival Lacerda” – contou Neto Lobo.
No São João Tradição nos 100 Anos de Gonzagão, o Samba de Lata de Tijuaçu também dançou para comemorar os 80 anos de existência e para espantar o fantasma da seca que assola a região há meses. Desde 1932, as mulheres da comunidade remanescente quilombola rodopiam os belos vestidos brancos para pedir água em abundância à comunidade e para mostrar a força da cultura bonfinense.
Por falar em cultura bonfinense a Secretária Municipal de Cultura, Riana de Oliveira estava animada com a boa repercussão da nossa festa junina. Ela revelou: “O São João de Senhor do Bonfim ultrapassa, de acordo com informações que obtive de fonte segura, da Bahiatursa, se não me engano, o turismo de cidades litorâneas como Porto Seguro e Ilhéus, etc. O mais interessante é que na pesquisa as pessoas alegaram que apesar de estar em cidades mais próximas a Salvador como Amargosa e Santo Antonio de Jesus, elas buscam ainda a tradição do forró pé-de-serra. Em todos os lugares a gente encontra licor, comidas típicas, claro, mas pessoas são animadas principalmente pelo acolhimento que os bonfinenses dão aos turistas que vêm em busca da cultura de raiz. Senhor do Bonfim persiste nessa busca de proteger a nossa tradição” – comemorou a secretaria que lembrou ainda os chamarizes do São João da Capital Baiana do Forró, Forrobodó e o Forró no Trem.
O Forrobodó, circuito alternativo dos festejos juninos locais trouxe para o tablado da Praça Antonio Gonçalves, nos três dias de festa, os sanfoneiros da região. Enquanto o Forró no Trem, um sucesso crescente entre os turistas, realizou o último percurso de 2012 ao som de Tião do Acordeon, figura carimbada do arraial.
Vinda de Feira de Santana para conhecer a renomada festa de Bonfim, a técnica de enfermagem, Vilma Freitas, ficou maravilhada com o Forró no Trem. “A impressão que eu tive foi de uma grandeza enorme. Eu tinha uma grande vontade de andar de trem. Eu tinha visto uma reportagem lá em Feira, falando daqui e eu fiquei entusiasmada para participar. A experiência foi assim, algo que vou guardar para o resto da vida. Tudo foi muito gostoso, tanto o caminho, como também o grupo que tocou e todo mundo que cantou e participou. Foi maravilhoso!”
Uma observação, o vagão, durante o restante do ano, é utilizado pelo Projeto Educando nos Trilhos, uma parceria entre o governo municipal e a FCK.
Ainda, a noite – Cria de Bonfim, o sanfoneiro Cicinho de Assis assumiu o palco, tomou gosto e quis ficar um pouco mais. Tocou todas e antes de fechar o show com o Hino Nacional Brasileiro em um solo de sanfona, o pai coruja revelou o talento da filha Gabriele, backing vocal da banda, que cantou Sandy e Júnior, acompanhada pelos acordes do pai.
No sangue – Joquinha Gonzaga, sobrinho orgulhoso e declarado de Luiz Gonzaga não cantou outras. O Baião nascido da sanfona do filho de Januário permeou a apresentação do sanfoneiro, vindo mais uma vez de Exú (PE) para abrilhantar o São João de Senhor do Bonfim.
O prefeito Paulo Machado, a primeira-dama Dione Machado, o vice Aurélio Soares e esposa mais, os secretários do Governo Cuidando da Nossa Gente subiram ao palco para entregar uma placa dedicada a Luiz Gonzaga em reconhecimento à sua importante contribuição para a cultura nordestina e por suas apresentações que marcaram a história do São João de Bonfim.
Grato pelo título, Joquinha Gonzaga afirmou o compromisso de levar a placa para o Museu de Luiz Gonzaga e parabenizou a iniciativa do Governo Cuidando de Nossa Gente em homenagear o rei do Baião com uma estátua na entrada do Parque da Cidade. “Vou levar a notícia da estátua de meu tio inaugurada aqui na praça de Bonfim. Nem em Exú tem uma estátua de Luiz Gonzaga!”
Alcimar Monteiro e Zelito Miranda – E foi assim, com o forró efervescente de Alcimar Monteiro, religiosamente vestido com seu branco impecável que o famoso São João 2012 da Capital Baiana do Forró começou a acabar. Entre dançarinos frenéticos e fantasias pomposas, o rei do Forró soltou a voz, cantou seus clássicos, fez cantar e dançar para depois, entregar o palco para Zelito Miranda, conhecido de outros arraiás. Mesmo de boné, tênis e violão, Zelito também fez São João.