Escrito por Antônio Carlos

Há alguns dias foi colocada uma placa na Avenida Eudaldo Mota, que me parece que foi para servir de triunfo, ou troféu, por parte da Secretaria de Saúde. Mas analisando profundamente os dados e fazendo passeio em cada rua, em cada bairro, não posso dizer outra coisa a não ser que senti tristeza, uma sensação de estar regressando ao atraso, um sentimento de que destruíram o nosso lar. Os números constatam que em apenas 9 meses um morador procurou atendimento médico quase que duas vezes. O que será que contribuiu para que ficássemos doentes?
Em cada parte da cidade o contraste das forças do avanço com as do atraso. Vi belas casas, lindas lojas, sendo construída pousada nova e motel novo, belos carros, mas também vi ruas destruídas, urubus nas ruas, lixo nas calçadas, prédios públicos caindo. Vi uma migração social de minha cidade para a nossa irmã Ponto Novo. Gente que busca uma consulta, atividades culturais, fazer exames, namorar e até mesmo estudar lá fora. Queixas, arrependimento, tristeza, raiva, preocupação e medo são os sentimentos e situações que movem as pessoas por aqui. A pergunta é “onde foi que erramos”? O erro que faz Filadélfia sangrar não é de agora, é de décadas; não é individual, é coletivo. Muitos de nossos políticos padecem da síndrome do novo rico. Quando chegam ao poder, se lambuzam na lama da corrupção. Esquecem que um dia foram pobres, e torturam os pobres. Mudam de partido e de amigos como mudam de camisas. Vendem sua moral e seu mandato por favores pessoais e ignoram o voto do povo.
Não, não devemos estar surpresos com o que estamos vivendo, e sim tristes. Essa é a herança que nossos governantes locais deixam aos nossos jovens, transformam literalmente a política na arte do possível; passam a idéia de que vencer na vida é deixar de ser pobre e passar a ser rico, mesmo que seja necessário deixar pelo caminho a ética, a moral, a confiança depositada pelo povo, e a consciência das mãos limpas.
Filadélfia precisa de um político, como um dia o Já teve. Precisa de homens e mulheres que encham seu povo de orgulho e não de vergonha; que compreendam a diferença entre a coisa pública e a particular; que olhem para o futuro e não para seu umbigo; que saibam e valorizem os conceitos de vergonha, ética, moral e responsabilidade; que adocem e não que ridicularize a terra do feijão.
Um dia o povo de Filadélfia banirá esta doença social e política de nossa cidade; construirá o novo homem, uma nova sociedade, um novo lugar. O espírito de nosso povo se renovará, e jamais voltará ao passado. Seremos verdadeiramente a cidade da mulher bonita e do feijão. Seremos o vizinho admirável de nossa amiga Ponto Novo, de um povo alegre, futurista, atualizado e feliz.
Fonte: Filadélfia em Noticias

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